Lazarentos!

Originalmente, o termo tinha como único sentido denominar os portadores de hanseníase. Referência a Lázaro, personagem bíblico, irmão de Marta e Maria, que foi ressuscitado por Jesus. O nome – que significado aquele a quem Deus ajudou – voltou ao noticiário por conta do assassino caçado por centenas de policiais no cerrado goiano.

Entretanto, especialmente para os paranaenses, há muito, o termo se desligou da sua origem. Assim como a lepra, é contagioso, passou a ser utilizado nas mais diversas situações, algumas com sentidos opostos.

O caso de Lázaro Barbosa pode mostrar a multiplicidade do seu uso. Em algum momento a sua lazarenta maldade o tornou um assassino. Alguns lazarentos enxergaram uma utilidade, contrataram a lazarenta competência para matar quem entendiam ser lazarentos que prejudicavam seus negócios. Julgado e enviado para uma lazarenta prisão, da qual se aproveitou da lazarenta incompetência do estado para fugir.

O lazarento mor se perdeu e, lazarentamente, passou matar a esmo. Mesmo assim, manteve a rede de apoio dos lazarentos que o contratavam. O Estado teve que dar uma resposta, ao invés de exercer a função dentro da lazarenta constituição, implicitamente, através do lazarento executivo, resolveu autorizar um justiçamento (“Lázaro, no mínimo preso …”). Escolheram centenas de policiais, os com pontaria mais lazarenta cumpriram a lazarenta missão, nada menos do que 38 lazarentos tiros, foi uma festa lazarenta. Inclusive dos lazarentos que o contratavam, não terão que se ver com lazarenta justiça.

A população aplaudiu a ação dos seus lazarentos prepostos; neste sentido, todos assemelharam-se aos que contratavam o lazarento, agora morto, a fazer o serviço sujo (não constitucional) nas grotas do cerrado.

Como vimos, a lazarentice é contagiosa, este tipo de experiência é a que leva a comerciantes lazarentos a contratarem lazarentos milicianos para matar lazarentinhos que fazem pequenos furtos.

Ok, também existe um lazarento que se presta a problematizar, escrever e postar sobre qualquer fato desta lazarenta vida sem ao menos uma lazarenta ressureição. Tudo lazarentamente triste.

Sobre Hemerson Ari Mendes

Psicanalista (Sociedade Psicanalítica de Pelotas – Febrapsi - IPA), médico psiquiatra (UFPel), mestre em saúde e comportamento (UCPel). É diretor da Clínica Ser e durante 18 anos foi professor de Psiquiatria e Psicologia Médica na Faculdade de Medicina UCPel, atualmente, licenciado. Sim, também, disgráfico.

Publicado em 04/07/2021, em Psicanálise e psiquiatria. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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