Arquivo mensal: julho 2021

Djoko, o Maior!?

Ele queria ser amado, será reconhecido! Suficiente?

Ele gostaria do calor dos afetos, se contentará com a incontestável frieza dos números?

A sua eficiência nubla a estética e a elegância, se ressente?

Creio que sim, a sua dor tem nome: ressentimento!

Como cartão de visita, apresentou-se como grande imitador; porém, queria mais…

Sem a fleuma suíça e a tradição espanhola, lhe emprestaram o estigma sérvio.

Sem o conforto para enfrentar o frio da Basileia, nem os prazeres do calor de Mallorca, trouxe para as quadras o clima da guerra: o gélido calor!  

Como refugiado, sua arma não poderia ser o ataque; mas jamais esquecerão o poder do seu contra-ataque.

Com o tempo, o filho da guerra perdeu a leveza, mas ganhou intensidade dos obstinados sobreviventes. Torço para que ele consiga chorar, seria o caminho para voltar a simplesmente sentir o presente e abandonar o re-re-re-ressentimento dos tempos da guerra.

P.S. Ah, sim, só para registrar, o seu técnico e a juíza da final são croatas. Um caminho para a paz pessoal.

Lazarentos!

Originalmente, o termo tinha como único sentido denominar os portadores de hanseníase. Referência a Lázaro, personagem bíblico, irmão de Marta e Maria, que foi ressuscitado por Jesus. O nome – que significado aquele a quem Deus ajudou – voltou ao noticiário por conta do assassino caçado por centenas de policiais no cerrado goiano.

Entretanto, especialmente para os paranaenses, há muito, o termo se desligou da sua origem. Assim como a lepra, é contagioso, passou a ser utilizado nas mais diversas situações, algumas com sentidos opostos.

O caso de Lázaro Barbosa pode mostrar a multiplicidade do seu uso. Em algum momento a sua lazarenta maldade o tornou um assassino. Alguns lazarentos enxergaram uma utilidade, contrataram a lazarenta competência para matar quem entendiam ser lazarentos que prejudicavam seus negócios. Julgado e enviado para uma lazarenta prisão, da qual se aproveitou da lazarenta incompetência do estado para fugir.

O lazarento mor se perdeu e, lazarentamente, passou matar a esmo. Mesmo assim, manteve a rede de apoio dos lazarentos que o contratavam. O Estado teve que dar uma resposta, ao invés de exercer a função dentro da lazarenta constituição, implicitamente, através do lazarento executivo, resolveu autorizar um justiçamento (“Lázaro, no mínimo preso …”). Escolheram centenas de policiais, os com pontaria mais lazarenta cumpriram a lazarenta missão, nada menos do que 38 lazarentos tiros, foi uma festa lazarenta. Inclusive dos lazarentos que o contratavam, não terão que se ver com lazarenta justiça.

A população aplaudiu a ação dos seus lazarentos prepostos; neste sentido, todos assemelharam-se aos que contratavam o lazarento, agora morto, a fazer o serviço sujo (não constitucional) nas grotas do cerrado.

Como vimos, a lazarentice é contagiosa, este tipo de experiência é a que leva a comerciantes lazarentos a contratarem lazarentos milicianos para matar lazarentinhos que fazem pequenos furtos.

Ok, também existe um lazarento que se presta a problematizar, escrever e postar sobre qualquer fato desta lazarenta vida sem ao menos uma lazarenta ressureição. Tudo lazarentamente triste.

A Coragem de Eduardo Leite!

Ainda não sei em que termos Eduardo Leite, em entrevista a Pedro Bial, a ser transmitida, assumiu de maneira pública sua orientação sexual. Tampouco tenho clareza do impacto imediato na sua carreira política. Mas não tenho dúvidas que seu ato de coragem será libertador para o restante da sua carreira.

Dudu Milk, um infame trocadilho, referência velada a Harvey Milk – primeiro político americano assumidamente gay, não ao acaso, assassinado por outro político – perdeu a validade, ao menos a com fins negativos.

Sinceramente, lamento que a orientação sexual (bem como, religiosidade ou ateísmo) de alguém seja objeto de especulação na política, no trabalho, nos seminários ou, até, nas famílias. Mas todos sabemos que não é bem assim. Num ambiente no qual o maduro FHC não conseguiu assumir um filho que afetivamente era seu e que acreditava biologicamente também o ser; no qual dona Antônia, secretária/companheira, não poder ir ao enterro do “seu” Tancredo e, também, no qual Lula congelou em um debate presidencial por medo de ter revelado onde estava o aparelho de som citado de maneira ardilosa por Collor, no fundo, Eduardo Leite não poderia deixar sua orientação de fora da sua vida pública; caso contrário, ficaria exposto a este tipo de ameaça/insinuação, como se a orientação sexual fosse algo que precisasse ficar escondida. Lembram de Marta Suplicy, em desespero, fazendo insinuações sobre Kassab?

Entretanto, independentemente destas questões, Eduardo, mesmo sem ter a obrigação de fazê-lo, não seguiu o script padrão de vários políticos, o que transforma seu posicionamento em algo histórico no nosso estado e país. Certamente, o governador, por décadas, será um modelo a influenciar pessoas a encontrar a leveza de simplesmente poderem demonstrar ser nada mais nada menos do que são.

Por si só, isso não dá condições para alguém ser presidente ou qualquer outra coisa; porém, rompe com espúrias interdições. Mas, muito além disso, certamente, dá ao vivente uma ímpar leveza.

Ah, sim, não me surpreenderá que muitos que antes faziam insinuações maldosas sobre sua orientação, agora, o acusem de oportunista, como se assumir uma orientação homossexual, no nosso país, fosse algo com apelo eleitoral.